A defesa do atacante Willian Bigode, atualmente no Santos, protocolou nesta semana a defesa do jogador no processo que também envolve o lateral Mayke, do Palmeiras, no caso das criptomoedas que se arrasta desde 2023.
Na ação, que corre na 14ª Vara Cível do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), Mayke conseguiu nos últimos meses o bloqueio do salário e de diversos valores das contas bancárias de Willian e dos sócios da WLJC Consultoria e Gestão Empresarial, empresa de aconselhamento financeiro de Bigode, sua esposa (Loisy) e mais uma sócia (Camila Moreira).
Na defesa protocolada na Justiça, à qual a ESPN teve o, o advogado do atacante do Santos pede que Willian Bigode seja considerado ilegítimo para estar no processo ou que o mesmo seja julgado de forma improcedente por ausência de responsabilidade de Willian no contrato firmado entre Mayke e a operadora de criptomoedas Xland.
A defesa de Bigode alega que o atleta também é vítima no caso, e não cúmplice, tendo feito inclusive uma representação criminal contra a Xland - na defesa, foram anexados inclusive comprovantes de investimentos feitos por Willian na operadora de criptomoedas.
Justamente por isso, o advogado do centroavante salienta que Willian não tem legitimidade para estar no processo, já que a WLJC Consultoria e Gestão Empresarial não consta no contrato firmado entre o lateral do Palmeiras e a Xland. Além disso, a defesa assegura que Bigode não teve qualquer benefício com os investimentos feitos com a empresa.
A defesa argumenta, aliás, que Willian "não é técnico no assunto de investimentos" e que ele "simplesmente detinha amizade com os companheiros de clube".
A entrada da WLJC na história aconteceu através da amizade firmada entre Loisy, esposa de Willian, e a mulher de Mayke, Rayanne. De acordo com o processo, Rayanne se queixou de mau momento financeiro no início da pandemia de COVID-19, em 2020, e manifestou interesse em conhecer a consultora financeira de Willian e os investimentos que o casal fazia. Naquele momento, foi fornecido o contato da consultora Camila Moreira, e Rayanne "procurou voluntariamente" a profissional, que já havia feito os mesmos investimentos para o Willian na Xland.
O jogador do Santos observa no processo que o contrato entre Mayke e Xland diz que, em caso de qualquer controvérsia sobre pagamentos, a resolução deve acontecer na Câmara de Arbitragem, e não no Poder Judiciário. Por isso, a defesa afirma que o TJ-SP não é o local competente para resolver o tema.
Além disso, o advogado de Bigode pede à 14ª Vara Cível de São Paulo que deixe de ser aplicado o Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, que é o que vem sendo usado até agora pelo juiz do caso para definir os bloqueios de salários e contas bancárias.
A defesa de Willian argumenta que Mayke não é consumidor dos serviços da WLJC referentes aos aportes financeiros e contratos firmados com a Xland, mas sim um locatário das criptomoedas, tendo, portanto, relação apenas com a operadora. A defesa ainda diz que o lateral tem um "perfil profissional de investidor no mercado", já que realiza "investimentos diversificados" e "sempre em quantias vultuosas".
O advogado do atleta alvinegro ainda requer que o valor pedido por Mayke no caso, que inicialmente era de R$ 7.834.232,61 e foi atualizado para 8.514.365,64 em outubro de 2023, caia para cerca de R$ 2,1 milhões.
De acordo com a defesa, esse é o real valor investido pelo jogador do Palmeiras com a Xland, como demonstram comprovantes bancários anexados à ação.
Por fim, Bigode e seu advogado ainda indicam no processo que a Xland tinha mais um sócio (Edmílson Paiva David) além de Gabriel de Souza Nascimento e Jean Ribeiro, que já estão envolvidos no processo.
A defesa pede que David seja incluído na ação, já que seu nome constava no contrato social da operadora de criptomoedas e no guia informativo divulgado pela empresa para apresentação do projeto financeiro.
Em nota, o advogado de Willian, Bruno Santana, descreveu seu cliente como "uma grande vítima" no caso e disse acreditar que haverá julgamento justo do caso.
"Nós nos pautamos na maior arma de defesa que poderia ser utilizada, que é a verdade. Estamos confiantes, pois acreditamos que lançamos luz sobre o que se fazia necessário a evidenciar, não só a ausência de qualquer responsabilidade do Willian em contratos firmados por terceiros, como também de que ele havia acionado as autoridades competentes a investigarem os verdadeiros responsáveis", afirmou.
"A bem da verdade, pelo extensivo prejuízo que foi submetido, o Willian possui o status de uma grande vítima. Acreditamos substancialmente no Poder Judiciário que certamente, com a cautela e equilíbrio lhe são inerentes promoverá um julgamento justo", complementou.