Um torcedor do Colorado Rockies está processando a franquia após uma bola rebatida para fora do campo acertar seu olho. Timothy Roeckel alega que há elementos arquitetônicos no estádio que atrapalham a visão de objetos que vêm do campo e, também, que a baixa qualidade técnica do time faz que muitos torcedores parem de prestar atenção na partida. Sim, o time seria tão ruim que o torcedor deixa de prestar atenção no jogo e ficaria mais vulnerável a acidentes como esse.
A ação se refere a algo ocorrido há dois anos, mas retrata o que tem sido os Rockies nos últimos tempos. E, em 2025, ficou ainda pior. Após 50 partidas, o Colorado venceu apenas oito, pior marca nas grandes ligas desde o Louisville Colonels começar sua campanha com 7 vitórias e 43 derrotas em 1895 (sim, no século 19). Um desempenho constrangedor que, se tiver o mesmo ritmo até o final do ano, seria concluído com uma campanha de 26 vitórias e 136 derrotas, segunda pior da história. Apenas o Cleveland Spiders de 1899 foi pior, com 20-134.
É de se esperar que um desempenho tão ruim seja resultado de falta de investimento no elenco, como tem sido cada vez mais comum na MLB. Mas essa explicação soa um pouco simplista para o caso dos Rockies. A franquia tem a 21ª maior folha salarial da liga, com US$ 120,69 milhões. Não é bom, mas está longe de ser um sinal de abandono total dos donos. Nove equipes pagam menos para seus jogadores, sendo que uma delas (Cleveland Guardians) está em zona de classificação aos playoffs e outras três (Tampa Bay Rays, Cincinnati Reds e Milwaukee Brewers) estão a menos de cinco partidas da vaga de wildcard.
O problema do Colorado é como esse dinheiro tem sido mal gasto. Kris Bryant, um ex-MVP, receberá US$ 27 milhões e fez apenas 11 jogos neste ano devido a lesões. Ryan McMahon, US$ 12 milhões, tem entrado em campo com frequência, mas a produção é a pior de sua carreira. Entre os arremessadores, os principais investimentos são em Kyle Freeland (US$ 16 milhões), Antonio Senzatela (US$ 12 milhões) e Germán Márquez (US$ 10 milhões). Três figuras históricas da franquia que receberam bons contratos até como gratidão por serviços prestados, mas que vivem momento descendente. O quarto arremessador com melhor salário, Austin Gomber (US$ 6,35 milhões) ficou no departamento médico toda a temporada.
Como os medalhões não estão respondendo, os Rockies se tornam dependentes das promessas desenvolvidas nas ligas menores. E aí aparece a outra faceta do departamento técnico da franquia.
Além de avaliar mal os jogadores na hora de contratar – ou, ao menos, definir ofertas salariais –, o time também sofre na análise de talentos jovens. Para uma equipe que teve retrospecto negativo – portanto, boas posições no draft – nos últimos seis anos e teve recentemente jogadores com valor de mercado como Nolan Arenado (troca mal feita) e Trevor Story (saiu de graça), era de se esperar do Colorado uma posição melhor que o 13º no ranking de sistema de base da MLB.
A soma disso tudo é uma rotação tenebrosa, com ERA de 6,86. É verdade que os 1,6 mil metros de altitude de Denver prejudicam os números dos arremessadores, mas os Rockies têm a segunda pior rotação da liga, à frente apenas do Baltimore Orioles, em ERA- (ERA ajustado às condições de cada estádio). O bullpen nem é tão ruim, fica em 16º de 30 no ranking da MLB de ERA-. Mas pouco adianta se os relievers subirem ao montinho em partidas que já estiverem fora do alcance.
Partidas fora do alcance porque o ataque também não é capaz de compensar a fragilidade da rotação. Os números ofensivos dos Rockies sempre são inchados pela altitude, mas, em wRC+ (corridas criadas ajustadas às condições de cada estádio), o time está 34% abaixo da média da liga. Disparado o menos produtivo.
Sem perspectivas de reforços, nem faria sentido, os Rockies contam com alguns jovens que podem ser promovidos ao longo do ano e com a troca do técnico Bud Black por Warren Schaeffer. O novo comandante chega com a missão de preparar o time para um novo projeto a partir de 2026, mas sua chegada pode dar uma injeção psicológica natural que resulte em algumas vitórias a mais.
Por pior que seja o cenário para o Colorado, a tendência é que o time não continue tão mal ao longo da temporada. Alguns jogadores entrarão naturalmente em uma fase melhor e o aproveitamento se torna menos constrangedor. O único ponto em que os Rockies podem se orgulhar é na torcida: a média de público é de 25,7 mil, a 17ª melhor da liga. Uma fidelidade louvável para quem tem de ver diante de si a pior rotação e o pior ataque da MLB todo jogo.
O Semana MLB é um post em forma de newsletter sobre os principais temas (e a programação de TV) da MLB. Toda sexta (vez ou outra atrasa para o sábado) uma nova edição
TRÊS STRIKES 3l5ip
1) Ethan Kirkwood, 21 anos, foi preso na última terça (dia 20) por suas atitudes envolvendo o acidente de seu Kavan Markwood, torcedor do Pittsburgh Pirates que caiu da arquibancada e foi internado em estado grave no início de maio. Kirkwood e Markwood são amigos e foram juntos ao jogo, mas o primeiro, com 21 anos, era o responsável por comprar as cervejas ao grupo. Markwood, 20 anos, ainda não tem idade para adquirir legalmente bebidas alcoólicas, mas ficou embriagado e, como consequência, teve sua capacidade de julgamento afetada a ponto de se expor à queda da arquibancada. Kirkwood é indiciado pela polícia justamente por dar álcool a um menor de idade.
2) Liam Hendricks é mais um jogador da MLB a expor nas redes sociais o fato de receber ameaças de morte. De acordo com o arremessador do Boston Red Sox, ele e sua mulher teriam recebido as mensagens, com algumas sugerindo que ele deveria se suicidar ou torcendo para ele morrer de câncer. Hendriks ou por tratamento de linfoma não-Hodgkin há dois anos, mas se recuperou e voltou ao beisebol na temporada ada. O caso do australiano não é o primeiro neste ano. Lance McCullers Jr, arremessador do Houston Astros, também revelou ter recebido ameaças de morte. No mês ado, foi o defensor externo Jarren Durán, dos Red Sox, que ouviu um torcedor do Cleveland
Guardians sugerindo que deveria se suicidar. Em documentário, o jogador revelou ter tido depressão e tentado suicídio no início da carreira.
3) O ex-jogador Darin Ruff entrou com um processo contra o Cincinnati Reds. O primeira base e defensor externo nunca atuou pelos Vermelhos, mas foi uma lesão ocorrida no estádio do clube que o forçou a encerrar a carreira, em 2023. Ruf defendia o Milwaukee Brewers e tentava apanhar uma foul ball perto do muro. Lá estava a lona utilizada para proteger o campo em caso de chuva. Ruf se chocou com a ponta do rolo de metal utilizado para enrolar a lona, sofrendo várias lesões no joelho. O ex-jogador alega que aquela superfície de metal deveria estar protegida ou coberta de maneira que não representasse risco de lesão a um jogador
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