Na última quinta-feira (15), após Ednaldo Rodrigues ser afastado pela Justiça do comando da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), presidentes de 19 Federações Estaduais de futebol se uniram e am um manifesto em defesa da "renovação do futebol brasileiro".
Entitulado como "Manifesto pela Estabilidade, Renovação e Descentralização do Futebol Brasileiro", o documento reuniu s dos presidentes de 19 das 27 Federações, que se colocam, agora, a favor de novas eleições, sem a presença de Ednaldo.
As associações, inclusive, se colocaram à disposição para buscar uma candidatura única, a fim de garantir "estabilidade institucional" na CBF.
"O cenário exige uma renovação de ideias, de práticas e de lideranças, bem como a profissionalização definitiva das estruturas de gestão", escreveram os signatários.
"Assumimos o compromisso de construir uma candidatura à Presidência e Vice-Presidências da CBF comprometida com um novo ciclo para o futebol brasileiro: mais democrático, mais integrado e mais aberto à participação de todos", completaram.
Dentre os cartolas que am o documento, aparecem comandantes que estão no cargo desde os anos 1980, filhos de ex-presidentes e vices de antecessores com décadas de comando.
Veja abaixo o tempo em que cada presidente está no cargos e contextos de sucessão:
Federação de Futebol do Acre (Ffac): O atual presidente é Adem Araújo, que assumiu o cargo em 2025, após o falecimento de Antônio Aquino Lopes, que presidiu a federação por 41 anos, desde 1984. Adem foi o vice de Antônio a partir de 2018.
Federação Alagoana de Futebol (FAF): Eleito com apenas 24 anos, Felipe Feijó cuida do futebol em Alagoas desde 2015, completando 10 anos no cargo. Felipe é filho de Gustavo Feijó, que presidiu a federação alagoana por sete anos, de 2008 até 2015. Em resumo, a família Feijó comanda o futebol alagoano há 17 anos.
Federação Amazonense de Futebol (FAF): Ednaílson Rozenha está no cargo há pouco mais de dois anos, eleito em 2023.
Federação Catarinense de Futebol (FCF): Rubens Renato Angelotti está há quase 9 anos no cargo, desde dezembro de 2016, após o acidente aéreo da Chapecoense. Ele era vice de Delfim Pádua, que faleceu na tragédia, e comandava a FCF desde 1985. Foram 31 anos no cargo.
Federação Cearense de Futebol (FCF): Mauro Carmélio Júnior está em seu quinto mandato, desde 2009, completando 16 anos no cargo. Com dois vices, um deles é o próprio filho: Mauro Carmélio Neto.
Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF): Daniel Vasconcelos está no cargo desde 2017, há oito anos. Está em seu 2º mandato.
Federação Gaúcha de Futebol (FGF): Luciano Hocsman foi eleito em 2020, acumulando cinco anos no cargo até o momento. Luciano foi vice de Francisco Novelletto, dirigente antecessor a ele no cargo, que comandou a federação por 16 anos (2004 a 2020).
Federação Goiana de Futebol (FGF): Ronei Freitas assumiu a presidência em 2023, tendo completado já dois anos no cargo. Ronei era vice de André Pitta, que ficou no cargo por 15 anos (2007 a 2022).
Federação Maranhense de Futebol (FMF): Antônio Américo é presidente desde 2011. Está no cargo há 14 anos.
Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS): Estevão Petrallás está no cargo desde maio de 2024, após afastamento de Francisco Cezário de Oliveira, por suposto envolvimento em um esquema de desvio de recursos na FFMS. Estevão foi reeleito em abril deste ano e permanece no cargo até 2027
Federação Norte-Rio-Grandense (FNF): José Vanildo está na presidência desde 2008, após renúncia de Alexandre Cavalcanti por problemas de saúde, acumulando 17 anos no cargo.
Federação Paraense de Futebol (FPF): Ricardo Gluck Paul está na presidência desde 2022, completando três anos no cargo.
Federação Paraibana de Futebol (FPF): Primeira e única mulher a presidir uma federação, Michele Ramalho Cardoso está no cargo há sete anos, desde 2018.
Federação Paranaense de Futebol (FPF): Hélio Cury Filho assumiu a presidência em abril de 2023, completando dois anos no cargo. Ele é filho de Hélio Cury, que foi mandatário da federação Paraense por 16 anos (2007 a 2023).
Federação de Futebol do Piauí (FFP): Robert Brown Carcará no cargo desde final de 2018, completa sete anos à frente da federação.
Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj): Rubens Lopes foi eleito em 2007, está em seu 6º mandato, chegando há 18 anos no cargo.
Federação de Futebol do Estado de Rondônia (Ffer): Heitor Costa está na presidência desde 1989, completando 36 anos. A partir de 2027, Alexandre Casagrande vai assumir o cargo máximo, após ter sido vice de Heitor desde 2018.
Federação Roraimense de Futebol (FRF): Apesar de Samir Xaud ter assinado o manifesto, o pai dele, Zeca Xaud, é presidente há 49 anos, desde 1986 e, oficialmente, segue no cargo até 2026, podendo chegar a 50. Seu filho, Samir, foi eleito para assumir o mandato a partir de 2027 - e é um dos cotados para a presidência da CBF.
Federação Sergipana de Futebol (FSF): Milton Dantas está na presidência desde 2016, no terceiro mandato, tendo já nove anos no cargo. Ele foi vice de Carivaldo Sousa, que presidiu a FSF por 26 anos (1990 a 2016).
Apenas oito Estados não am o manifesto: Amapá, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo e Tocantins.
Vale lembrar que Ednaldo Rodrigues entrou ainda na quinta-feira com pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) para ser reintegrado ao seu cargo.
Em paralelo a isso, a defesa de Ednaldo requer também que o ministro Gilmar Mendes "reconheça a ilegalidade da designação do Sr. Fernando José Macieira Sarney como interventor da CBF, por flagrante afronta ao art. 64 do Estatuto da entidade".
O artigo citado aponta que "em caso de vacância ou afastamento da presidência, seja observado o regramento estatutário vigente, com a assunção interina do cargo pelo diretor mais idoso, Sr. Hélio Menezes, até a realização da Assembleia Geral nos termos previstos".