A disputa judicial entre o meia Gustavo Scarpa, do Atlético-MG, e o atacante Willian Bigode, do Santos, pode estar se aproximando do fim.
Em nova movimentação no processo, Willian propôs uma nova opção para Scarpa receber de volta os R$ 6,3 milhões que perdeu em investimentos em criptomoedas feitos na operadora Xland, um dia depois da Justiça comunicar que as pedras preciosas da corretora não têm valor suficiente para cobrir o prejuízo.
De acordo com a defesa de Bigode, a própria Xland publicou em suas redes sociais que possui ativos em criptomoedas junto à empresa norte-americana FTX, tendo colocado ativos digitais de seus credores junto à companhia estrangeira.
Recentemente, a FTX anunciou que recuperou US$ 16,3 bilhões (R$ 83,92 bilhões) para ressarcir clientes que sofreram perdas com o colapso da exchange, ocorrido em novembro de 2022.
Como deve pagar US$ 11 bilhões (R$ 56,63 bilhões) aos seus credores, a FTX teria ainda US$ 5,3 bilhões sobrando (R$ 27,29 bilhões).
A defesa de Willian salienta que a quantia é "suficiente para quitar todos os seus débitos e ressarcir todos os seus clientes", inclusive os que foram lesados no caso da Xland.
Com isso, os advogados do atleta do Santos pedem que a Justiça emita um ofício à corretora estrangeira, de forma que os norte-americanos informe a extensão dos ativos que Xland mantém na plataforma de investimentos.
Quando tiver a resposta, a defesa de Bigode requer que seja determinado arresto dos valores, de forma a pagar os prejuízos que Gustavo Scarpa e o próprio Willian sofreram, além do lateral-direito Mayke, do Palmeiras.
Em decisão proferida na última quarta-feira (22), o juiz Danilo Fadel de Castro, da 10ª Vara Cível do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), intimou Scarpa e deu prazo de cinco dias para que o meia do Atlético-MG responda se aceita os termos propostos por Bigode.
Se Gustavo aceitar, o caso pode ser resolvido com o dinheiro vindo da FTX, assim que a corretora norte-americana responder de forma oficial. O jogador, porém, vai recusar (leia mais abaixo).
Em contato com a ESPN, o advogado de Willian Bigode, Bruno Santana, afirmou que a movimentação de seu cliente é baseada no princípio da cooperação das partes.
"Em que pese termos a absoluta convicção da ausência de qualquer responsabilidade do Willian nas transações firmadas por terceiros, nossa atuação é, e continuará sendo, extremamente cooperativa nos autos", argumentou.
"Considerando que a narrativa divulgada pela própria Xland é de que alocou os ativos financeiros de seus clientes na FTX, nada mais coerente do que a expedição de ofício judicial com intuito de certificar a existência ou não desses ativos, e na hipótese de existirem, já ficarem desde já vinculados ao processo como garantia", explicou.
"Agora, a parte autora foi intimada a se manifestar se concorda ou não com o requerimento. Esperamos que eles concordem, pois assim estarão demonstrando inequivocamente o interesse em resolver o imbróglio jurídico ao participarem ativamente desse movimento, que nada mais busca do que ter as garantias necessárias de ressarcimento para todos os envolvidos", finalizou.
Gustavo Scarpa contesta 382v6d
Os advogados de Gustavo Scarpa contestam a movimentação de Bigode.
A ESPN teve o ao documento de 116 páginas que contém a lista de credores da FTX. Na relação, que possui 9.693.985 nomes, de fato não consta o nome da Xland e nem de seus sócios, Gabriel de Souza Nascimento e Jean do Carmo Ribeiro. Também não aparece o nome de Gustavo.
Justamente por isso, a defesa de Scarpa afirma que a petição feita pelos advogados de Willian é apenas um "subterfúgio" para "não assumir as responsabilidades quanto ao ressarcimento" do dinheiro do meio-campista.
"A aludida lista (de credores da FTX) fora disponibilizada publicamente e constata-se [...] que não se encontra o nome da empresa ré, Xland, tampouco de seus sócios ou o nome do autor. Ou seja, a informação creditada pelos réus, Xland, Gabriel e Jean, e avalizada pelos outros réus, WLJC, Willian e Camila, foi apenas mais um pretexto e subterfúgio para não assumirem as responsabilidades quanto ao ressarcimento ao autor", diz Carlos Henrique Pereira, advogado do atleticano.
Vale ressaltar que a movimentação de Willian se baseia no fato da própria Xland ter dito em suas redes sociais que possuía ativos na FTX, como pode ser visto abaixo:
Como a defesa de Gustavo indicou nesta quinta que quer que o pedido feito por Willian seja indeferido pela Justiça, o processo agora terá sequência em outros termos.