Ainda de lados opostos na busca pela criação de uma Liga no futebol brasileiro, Libra e Liga Forte Futebol (LFF) sinalizaram que vão voltar a conversar após período de distanciamento, principalmente, pelo desacordo quanto a forma de divisão dos valores referentes aos direitos de transmissão. f2s67
Na terça-feira (28), clubes que fazem parte da Libra se reuniram e anunciaram um novo formato para a divisão, bem mais próximo do que pretende a LFF, que se pronunciou através de comunicado nesta quarta (1º) afirmando ter visto a medida como o “caminho certo” para um eventual consenso.
O discurso de presidentes como Rodolfo Landim (do Flamengo), Leila Pereira (Palmeiras) e Júlio Casares (São Paulo), ao saírem da assembleia da Libra, foi de otimismo em relação às futuras conversas com o Forte. Nos bastidores, porém, a situação ainda é bem mais nebulosa.
A nota oficial do Forte, incluindo quatro pontos vistos como preponderantes para qualquer acerto com a Libra, já dá indícios de que um acerto entre as partes não está tão próximo no momento.
A ESPN também apurou que, apesar dos discursos oficiais, as ligas ainda se olham com certa “desconfiança”. Mesmo que os dirigentes da Libra tenham falado em confiança por um acordo na terça, na realidade, muitos deles veem relutância no Forte em, de fato, negociar.
O principal anúncio feito pela Libra após sua assembleia foi de um formato em que a distância entre o clube que mais recebe com direitos de transmissão e o que menos recebe será de 3,4 vezes, algo que seria atingido após um período de cinco anos de “transição” – em que a diferença seria um pouco maior.
Seria uma sinalização para o grupo Forte, que tem como “cláusula pétrea”, ou seja, algo inegociável, em sua formação, a exigência de uma diferença máxima de 3,5 entre o time de maior e menor receita.
Outra “cláusula pétrea” do Forte, reforçada no comunicado desta quarta, por exemplo, incomoda a Libra: “a garantia de ree de 20% da receita total para as Séries B e C, independentemente de como os direitos sejam negociados, seja de forma separada entre A e B ou de forma conjunta”.
A Libra entende que essa proporção é exagerada. Segundo soube a reportagem, caso o Forte mantenha esse ponto como imutável, não há chance de acordo. O entendimento é que 10% seria algo plausível.
Diferenças à parte, nos próximos dias, a Libra procurará o Forte Futebol e apresentará seu projeto com a mudança na divisão dos valores. A expectativa é que as conversas avancem, mas, caso contrário, o primeiro grupo seguirá seu planejamento, independentemente do LFF – que deve fazer o mesmo.
Por trás do projeto da Libra, está o Mubadala Capital, investidor que se propôs a adquirir 20% dos direitos comerciais da Liga por R$ 4,75 bilhões. Segundo o grupo, os prazos de pagamento já foram definidos.
A LFF, por sua vez, citou em sua nota a confiança na XP Investimentos, que tem atuado como assessor financeiro, e no Grupo Serengueti e na Life Capital Partners, grupo de investidores que concordou em aplicar R$ 4,85 bilhões em uma Liga com 40 clubes e R$ 2,32 bilhões apenas aos clubes da LFF, em caso de o ime com as equipes da Libra persistir.
Em meio às disputas políticas e de propostas financeiras de ambos os lados, Libra e LFF voltarão a se encontrar e seguem com a missão de se acertarem para a criação de uma Liga única no Brasil.